terça-feira, novembro 08, 2005

Eu ia e tirava (ou como eliminar o pneu e rodar sobre a jante)

Noutro dia, numa conversa à mesa, durante o almoço, comentaram comigo que devia tirar. Aproveitava uma ocasião propícia e pronto, aproveitava para tirar. Entretanto, falou-se também de uma outra pessoa com o mesmo problema: o de precisar de tirar. E, como tem dinheiro, nada a impede de ir e tirar. Sabe-se lá por quê. Do que ninguém se lembrou foi de pensar se isso é realmente importante para as visadas. Se estou feliz assim, ou se a outra também está. É indubitável que se sofre com isso. É um fardo que nos acompanha, é uma fama que nos persegue, é uma sombra que nos faz sobressair do resto do mundo.

Sou grande, pronto. Já nem se põe a questão de ter um pneu aqui ou ali. Toda eu sou uma câmara de ar, embora esteja aí para as curvas. Elas estão lá, mas inflaccionadas em todo o seu esplendor. E toda a gente me aconselha a desapertar o pipo e a deixar sair o ar. O que já fiz vezes sem conta, para voltar sempre ao estado inicial, ou pior ainda. Ou, como agora está na moda, a recauchutar o pneumático.

Mas eu não estou para isso. Depois de várias tentativas para despejar o ar (com sucesso, diga-se), quando se precisa de voltar ao dia-a-dia, torna-se extremamente incómodo rodar sobre a jante e acabamos por tornar a encher o pneu. Até porque este se estraga com tanta instabilidade.

A alternativa também não me agrada, porque um pneu recauchutado deixa de ser a mesma coisa. Não tem a mesma qualidade. Só sente quem tem de rodar com ele a vida inteira.

(escrito em 23·07·04)

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